NOVAS MÍDIAS: O impacto na produção de áudio
Que as mudanças em tecnologia dos últimos anos afetaram visivelmente o modelo de negócio das produtoras de áudiovisual, já sabemos. Mas, também afetaram o modelo de negócio das produtoras de áudio.
Na produção de áudiovisual, os novos formatos digitais, o acesso a equipamentos com boa qualidade de captação de imagem, impuseram um novo padrão de linguagem, captação e adequação na produção.
Houve crescimento das chamadas produtoras independentes de pequeno e médio porte. Segundo dados da Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais (Apro) as independentes representam 56,7% do mercado (2017).
Já no mercado de produção de áudio, os grandes estúdios, quase todos no eixo Rio-São Paulo, viram proliferar pequenos prestadores de serviços de áudio que possuem 1 ou 2 profissionais para atender demandas rápidas de locução, produção de trilhas e sonorização. Helpdesk, softwares e equipamentos de captação de som com boa qualidade e preço acessível, permitiram esta revolução.
Além disto, houve uma espécie de uberização de alguns serviços, sendo possível contratar a locução e trilhas prontas e editáveis para vídeos ou spots, através de sites específicos. Neste sentido, o trabalho contratado de um profissional freelancer destes sites, pode ser muito bem realizado ou se tornar um tiro no pé, pois não há uma supervisão técnica ou controle de qualidade. Ainda assim, trabalhos que envolvem baixo orçamento utilizam estes recursos e certamente é um caminho sem volta.
Quando a técnica prevalece
Na produção de áudio para publicidade e propaganda, seja ela para meios digitais ou formatos padrões de rádio e TV, ainda há preferência pelas produtoras com reconhecida qualidade. Ou seja, a qualidade técnica ainda prevalece. Os elementos criadores, o músico e o produtor de áudio, o letrista, são fundamentais.
Em quantidade expressiva, as novas mídias geram demandas para as produtoras de áudio em filmes (de curta ou média duração, geralmente entre 15 a 30''), requerendo trilhas originais, sonorização e locução. Em igual quantidade, locuções para spots ou filmes. Em menor quantidade, jingles especialmente produzidos para estas novas mídias. Nos dois primeiros caso, prazos curtos.
As novas mídias também impuseram um ritmo acelerado às produtoras de áudio.
Estas demandas das novas mídias afetam duas áreas das produtoras de áudio: o atendimento e a produção.
O atendimento precisa adequar-se a um modelo mais dinâmico, com prazos curtos. Os canais de comunicação com o cliente/agência, antes realizados em sua maioria por e-mail, agora envolvem mensagens instantâneas via celular no acompanhamento do processo e feedback. Exigem, portanto, um processo bem coordenado dentro da produtora de áudio para repassar informações consistentes ao cliente.
Na produção, a adequação à nova realidade envolve equipe capacitada a atender a demanda e processos bem definidos e alta demanda. A arte musical precisa estar alinhada à capacidade de dar respostas ao cliente. Ainda que seja óbvio ter processos bem definidos, as novas mídias apertaram o certo, impondo feedback constante sobre o job e disponibilidade imediata no atendimento.
Estrutura adequada, equipes especializadas realizando trabalho de qualidade, prazos menores, demanda maior com orçamentos mais enxutos, processos bem definidos. Este é o desafio das produtoras de áudio para atender o mercado de novas mídias.
Oferecer qualidade e atendimento a prazos, com engajamento e comprometimento com o cliente. Fácil? Talvez. Romper com práticas já estabelecidas pode ser um grande desafio. Afinal, todo ser humano tende a manter os mesmos padrões. A mudança requer senso crítico e capacidade de adequação. O mercado mostra novos caminhos.
Pedro Washington de Almeida Júnior
Relações Públicas/Writer e Compositor
Sonic Brain Produtora de Áudio